Estúdio I – Aquela tão sonhada fantasia…

Centro do Rio de Janeiro

Centro do Rio de Janeiro

Nunca fui muito chegado a brincar o carnaval de rua. Isso tem a explicação no trauma que tenho de multidões.

Quando tinha uns doze anos, um dos sucessos mundiais : os Harlem Globetrotters, um time de jogadores de basquete americano, veio fazer uma apresentação no Estádio do Caio Martins, em Niterói/RJ.

Acontece que fomos dos primeiros a chegar e ficamos, eu e meu pai, em frente ao portão de acesso. A multidão foi crescendo e eles nada de abrir o portão, começaram a empurrar e, nós a ficarmos imprensados contra o portão.

E aquilo foi aumentando.

Até que o portão não aguentou e abriu à força da pressão da multidão, lá dentro haviam carros estacionados, policiais a pé que não sabiam o que fazer, e policiais montados que lutavam em conter os cavalos.

Eu, por instinto, me refugiei entre os carros para não ser pisoteado e logo meu pai me encontrou. Acho que foi esse fato que criou um trauma de multidão em mim e assim cresci não frequentando blocos ou escolas de samba.

Mas, voltando ao carnaval, em si, nós tínhamos um “bloquinho” de uns seis componentes. Costumávamos frequentar os bailes pré-carnavalescos, como os bailes do Havaí de cada clube de Niterói/RJ.

Nossa fantasia era simples : bermuda, uma camiseta pintada e/ou rasgada e o toque principal: TAMANCOS.

Quando entrávamos o barulho dos tamancos batendo no chão chamava a atenção de todos, depois já no meio da folia usávamos nas mãos batendo no ritmo da folia.

Tudo com aquele nuvem de aroma, que pairava em volta de cada um, da lança perfume, até ser proibida :

Lança Perfume

Lança Perfume – anúncio antigo

Mas teve um carnaval que resolvi aproveitar, mandei fazer minha fantasia, comprei os acessórios e após me vestir sai em direção ao Clube de Regatas Icaraí, na praia do mesmo nome em Niterói/RJ.

Era um “bate-bola” muito colorido e para dar aquela aparência de balão nas calças elas eram mais compridas e presas nas canelas por elásticos.

Um típico bate-bola

Um típico bate-bola

Assim vestido fui brincando de minha casa até o clube, assustando a criançada. Ao entrar no clube, e senti que a fantasia deveria ser para um carnaval no Alasca

Clube de Regatas Icaraí - foto atual

Clube de Regatas Icaraí – foto atual

Suava em bicas e os elásticos das mangas e das pernas me incomodavam mas, o que melhor para matar o calor do que uma cerveja bem gelada. Após me hidratar comecei a me dirigir para o salão e entrei no ritmo dos cordões que se formavam.

Não durou nem meia hora e o elástico de uma das pernas arrebentou e todo o pano daquela perna desceu para os pés me impedindo de andar, quanto mais pular o carnaval.

Como estava vestindo só uma bermuda, por baixo da fantasia não dava nem para tirá-la e continuar brincando pois precisaria de uma camisa.

Assim, quando na primeira vez me animei para brincar um carnaval ele acabou em menos de meia hora.

Saí do Clube, atravessei a rua(era pista única à época), desci para a praia, tirei toda a fantasia e, de bermudas, mergulhei no mar.

Praia em frente ao Clube - foto atual

Praia em frente ao Clube – foto atual

Depois de refrescado fui, pela beira da praia, carregando aquele monte de tecido, máscara, luvas, meias e tênis para casa, esperando que no dia seguinte fizesse sol e eu voltasse ao que gostava: frequentar a praia e jogar futebol na areia.

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