Xô depressão! Meu primeiro rocambole!

Após descobrir a hidroginástica, que tem sido ótima, resolvi gastar melhor meu tempo ocioso aprendendo outras coisas. Ao lado da ANDEF, onde pratico a hitroginastica, tem uma instalação da FAETEC que oferece cursos variados. A escolha foi fácil pois, entre maquiador e confeiteiro, preferi o segundo para poder comer tudo o que fizer, o que não aconteceria no outro curso. Se é que me entendem !!!!

Para poder estudar nesse curso você precisa comprar o seu próprio material e assim, lá fui eu atrás de touca, avental, matriz, bicos, formas etc.

Tendo perdido a noção do que carregar, já cheio de sacolas plásticas, me lembrei que também precisava, não para o curso óbvio mas para mim mesmo, comprar um canarinho e tudo que era necessário para tê-lo cantando, e alegrando, durante o meu dia.

Agora visualiza: um velhinho cheio de sacolas em um braço , no outro uma gaiola com um canarinho, tentando pegar um ônibus de volta para casa e, principalmente, usar o cartão de passagem gratuita(maior de 65 anos tem esse direito). Tá rindo da situação?

Pior, aqui no RJ e Grande Rio a operadora desses cartões instituiu um cadastro biométrico com a minha, e a de quase todos que tem gratuidade,  impressão digital de dois dedos de cada mão. As minhas, já no cadastro, deram problemas de leitura agora imagina no ônibus.

Voltando à entrada no ônibus, tive que passar todas as sacolas para um único braço, não só para me apoiar na subida dos degraus, como para pegar minha carteira com o cartão de gratuidade, passar na maquininha e passar o dedo na leitora.

Como quase sempre acontece e para piorar as coisas, a leitora não leu minha digital. Para não alongar o assunto, com pessoas atrás esperando que eu passasse na roleta, finalmente a maquina diabólica liberou minha passagem.

Com tudo em casa e arrumado para ir para a primeira aula, comecei na segunda feira meu curso de Confeiteiro.

1ª aula de confeitaria

1ª aula de confeitaria

A foto é da primeira aula de algo que eu nunca fiz e nem tinha a menor ideia de como fazer. Com a habilidade e conhecimento da Professora e a ajuda valiosa das colegas consegui acompanhar o como ser um confeiteiro, fazendo um rocambole.

Na sexta feira, agora, resolvi colocar na prática tudo que tinha aprendido. Acontece que logo na primeira aula eu esqueci de levar a apostila e um caderno para anotações estando portanto nas mãos da minha memória.

Entre os que fizemos na primeira aula eu havia gostado mais do que tinha recheio de maracujá e foi esse que resolvi fazer em casa. Primeiro problema foi lembrar de quais os ingredientes eu deveria usar para aquele recheio.

Me socorri da atenciosa Professora, pelo Facebook, para confirmar o que eu achava que seria e confirmado parti para por a mão na massa, o que nesse caso não é totalmente verdade pois não tinha massa nenhuma para por a mão.

Quando resolvo fazer algo, o que é muito difícil, pois ultimamente tenho preferido dormir e ver televisão, eu levo a sério e assim iniciei minha tarefa do dia : MEU 1º ROCAMBOLE !

Primeiro separei todos os utensílios que iria usar, lavei e enxuguei cada um separei os de uso imediato e comecei a ler a receita, certo do sucesso da empreitada. “Santa ingenuidade” como diria o Robin, não o da Holanda que jogou a última pá de terra na nossa seleção, mas aquele dos filmes de desenho animado, companheiro do Batman.

Comecei pela separação dos ingredientes, inclusive lavando os cinco ovos que iria usar(botei a quantidade para que nenhuma mente suja me faça uma gozação). Separei o açúcar, a farinha, o leite,  coloquei nas medidas corretas, conforme a receita, e me preparei para quebrar os cinco ovos.

Quebrei o primeiro, batendo na quina da beira do balcão da cozinha.

Sim eu sei quebrar ovos na quina do balcão, sem cair pedaços de casca e mais, separando em uma parte da casca quebrada a gema e na outra a clara. Após ter quebrado dois me lembrei que precisava tirar a película que envolve as gemas para retirar o gosto de ovo da massa.

Já tentou pegar um porco lambuzado de óleo? É quase a mesma coisa. Você fura a gema e depois fica tentando pegar uma coisa que você não vê e que escorrega como porco lambuzado de óleo.

Após o primeiro sucesso e cheio de confiança chamei meu filho para ver como o pai era bom na confeitaria.

Repito, “Santa ingenuidade”, logo no primeiro que eu fiz, para mostrar para ele, uma lasca da casca furou o ovo e tive que rapidamente jogar na cumbuca que estava separando as gemas.

No que eu jogo a gema na cumbuca, o outro pedaço da casca cai dentro da cumbuca onde estavam os que eu tinha aberto, mas não tinha separado. Sorte ter lavado pois só de pensar por onde sai o ovo teria que jogar tudo fora.

Vendo eu correndo e tentando pegar a tal película do ovo furado, meu filho desistiu de continuar acompanhando minha epopeia.

Finda a separação teria que começar a bater com minha batedeira manual, a que não tem apoio, o açúcar com os ovos.

Nesse momento crucial de começar, efetivamente a confecção da massa, é que reparei que a tomada ficava na parede à esquerda e a batedeira tinha o fio curto. Para um destro é tudo o que você não quer. Teria que bater a massa com a mão esquerda e segurar a vasilha com a mão direita e equilibrando-a em cima da borda que separava minha barriga da pia.

Enquanto eu batia o açúcar com os ovos já tinha posto para ferver o leite com a margarina e assim com a batedeira na mão esquerda, a vasilha na direita e “um olho no peixe e outro no gato” olhava para a massa e para o fogão.

Não podia dar certo, é óbvio, justamente quando achei que tinha terminado, desligado o fogão, resolvi apertar o ejetor das lâminas, que não ejetava de forma nenhuma.

Para piorar minha situação, chega minha esposa e encosta na bancada para apreciar a cena. Com uma vasilha com açúcar e ovos na mão direita e tentando ejetar as lâminas da batedeira com a mão esquerda eis que a vasilha escorrega da minha mão e um pouco da mistura cai na pia.

Não posso colocar aqui todos os palavrões que falei nem as ameaças ao resto da mistura que ficou na vasilha. Ao olhar para minha esposa ela estava tendo um ataque de riso, o que gerou um sonoro :

-“Vai rir da pqp”! No que ela respondeu:

-” Ainda tem o bastante para você continuar”, se virou e saiu da cozinha me deixando com a impressão que a tinha deixado levemente aborrecida.

Segui em frente, aceitando a sábia resposta dela mas, meus problemas ainda não tinham acabado. Ainda faltava terminar a massa e todo o resto para produzir um rocambole.

Não foi fácil pois agora além de usar a batedeira com a mão esquerda apoiar a vasilha na borda da bancada, tinha que ir colocando o trigo misturado ao fermento, alternando com o leite e a margarina quentes.

Fim de jogo, preparei o tabuleiro, coloquei a massa e no forno pré aquecido, me benzi e coloquei para assar.

Preparei o recheio e após quinze minutos abri o forno para ver como estava e para minha surpresa parecia a mesma massa que eu havia posto para assar, começando a me desesperar e fazendo uma retrospectiva do que tinha feito não conseguia imaginar como aquela massa não assava.

Mais uma vez, salvo pela minha sábia esposa, que leu na receita que o tempo de cozimento era de trinta e não quinze minutos como eu imaginava.

Devidamente assada e já com tudo preparado para os finalmente, coloquei o recheio e comecei a enrolar meu rocambole.

Um pouco dele ficou preso na toalha úmida que se usa para enrolar pois esqueci de colocar açúcar por sobre a toalha molhada.

Fui enrolando e ele se quebrando, mas isso naquela altura era o de menos. O importante era ver se tinha gosto.

Tinha e ficou bom.

Não o digno de um confeiteiro mas do esforço que tinha feito para enxotar aquela “pachorra (s.f. Ausência de pressa; que se comporta com lentidão; fleuma.Excesso de calma e paciência.Natureza da pessoa apática ou inativa.)” que a depressão me deixa.

Meu primeiro rocambole, ou quase isso.

Meu primeiro rocambole, ou quase isso.

 
Atualmente 03/2015 estou fazendo um curso de inglês, após a hidroginàstica
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