Difícil vir nascer!

Tenho 74 anos, ainda por fazer em setembro e digo isso considerando os nove meses que minha mão me gerou.

Pensando sobre isso, eu entendi porque os bebês choram quando nascem (pelo menos na minha época) e sua reação a vida externa. Cara, você está de boa, protegido, comendo a hora que quiser, dormindo, rolando para lá e para cá, e quando se espreguiça e mete o pé na sua bolha, lá fora, todo mundo é chamado para sentir.

Repentinamente, sem que você possa pedir uma liminar para ficar mais tempo, tem que ficar de cabeça para baixo, vendo um túnel que você acha “não vai dar” e ser despejado ao som de sua mãe berrando. Se não bastasse, toma uma palmada na bunda, ou seja a primeira porrada que você toma na vida, e que não fez nada para merecê-la.

Nesse momento você começa a entender como a vida é. A realidade é que, daqui para frente, você vai ter de lutar para viver. Revoltado, então você começa um protesto sem pedir autorização de ninguém! Se está com frio você chora, quando está com fome você chora, quando está todo cagado ou ensopado de xixi você chora. Você chora sem que haja um lugar ou hora predeterminada. Então você pensa: “É quase igual à bolha em que eu estava” e conclui “I am the King of the word”, só tenho que chorar.

Uma coisa eu te digo, e você só vai entender quando for mãe e/ou pai, você sempre terá uma contraposição a deles: “eu não pedi para nascer”. Que é o mesmo que seus pais pensam depois que você está com um mês de nascido, e sabem que não há a menor possibilidade de recall, saiu, e não volta mais.

Quando você começa a chorar e não correm para te atender, a vida te deu a segunda porrada, você cresce. Daí para frente vai aprender que chorar para ter algo não funciona mais. Se quiser algo, não só terá de ser por sua conta, como terá de aprender a viver em uma sua sociedade que não dará a menor bola para você enquanto não começar a se destacar e, como você, nasceram milhares de outros bebês que terão o mesmo impulso para ter algo na vida.

Nessa hora, dependendo como foi educado, você estará de frente a dois caminhos : ter ou ser. Eu, por exemplo, adotei mais o TER do que o ser durante muito tempo. Digamos que numa proporção de 70/30 e hoje continuo lutando para que o SER inverta a proporção, o que é um caminho muito doloroso. Não posso culpar meus pais e, todos os filhos deveriam atentar para isso, que é o ciclo da vida.

Pense bem, nada mais certo, que quando você nasce é que um dia vai morrer. E fica mais presente quanto mais velho fica, esta realidade da vida. Na hora onde mais pessoas que você conhece/ama vão morrendo você tem a possibilidade de olhar os anos que passaram, o que você fez (de certo e errado) e o que fará. 

Eu fico atento, deu notícia “fulano morreu aos 80 anos de idade” e certamente eu conheci, pois os (velhos ou idosos, qual a melhor palavra?) experientes conheceram e/ou amaram alguns (eu choro a morte de Ariano Suassuna, por exemplo), já faço a conta: restam 6 anos aproximadamente, para mim e o que eu vou fazer que me dê prazer nesse tempo que resta? 

Aí entra 100% do SER, porque não levamos nada que compramos em nosso caixão.

Originalmente publicado em https://www.gabyhaviaras.com/blog-ponto-g

Se as mulheres entendessem – Jess Bowen

              Hoje acordei com a intenção de dizer que ainda estou vivo, rsrsrs. No entanto ainda sem condições de escrever um texto próprio resolvi publicar esse texto pego no Face Book faz algum tempo. Espero que gostem e, em breve, espero voltar com os vários “causos” que continuam povoando minha cabeça. Obrigado pela compreensão.

Então, aí vai :


Se as mulheres ente
ndessem… Que os homens também têm medos, mas sem tanto permissão para oferecê-los.

Que há emoção em o ruído de um motor ou no grito de um gol.

Que valorizam muito mais o excesso de sorrisos que três quilos menos.

O esmagador de ser o apoio econômico de uma família.

O que é ter que ser corajoso, poderoso e bem sucedido a toda hora.

O embaraçante que são as comparações com ” o marido / namorado de “.

A necessidade que têm de um abraço que nem sempre sabem pedir.

O difícil de compreender o que nunca lhes ensinaram.

As lágrimas que não se animam a chorar.

O poder que temos sobre eles.

Que também eles passam noites sem dormir.

Que precisam de silêncio como nós de conversa.

Que não andam pela a vida pensando em como lastimamos.

Que são mais fracos do que a sua altura e músculos diriam.

Que tirar o melhor ou pior deles está nas nossas mãos.

Que pensam e raciocinam diferente.

Que sentem muito semelhante.

Que demonstram sentimentos como podem ou como aprenderam.

Se as mulheres compreendessem tudo isso, se conseguíssemos olhar mais além de algumas omissões, se soubéssemos de que não há todos ou nenhum, se pudéssemos sentir que para eles a melhor demonstração de amor é ter escolhido, se as mulheres baixassem um pouco a guarda, as censuras e tantas reivindicação, se pudéssemos aumentar os sorrisos, os brinde e a da picardia e se os deixássemos fazer sem tanto mandar nem expectativas, compreenderão que somos aquilo que lhe dá sentido às suas vidas.

Como mulheres, namoradas, mães, filhas, irmãs ou amigas.

Ao final do dia, onde acabam as piadas, onde não há público nem formas, onde só resta um homem e seus latidos, lá estamos nós… Com o que cada uma escolheu.

Jess BrowneJess-Bowen-in-NTIO-Line

Futebol na areia, minha paixão

Futebol na areia - Praia de Icaraí

Futebol na areia – Praia de Icaraí (foto recente de um torneio)

Eu morava na Otávio Carneiro, quase na esquina da Praia de Icaraí e toda a minha juventude passei ali, no 17, em frente ao edifícioTagus I.

Naquela época a praia não tinha essa muralha de prédios de hoje e acompanhei a deterioração com a derrubada das casas e o crescimento das novas casas empilhadas.

Além de aproveitar a praia em si, eu adorava nossas peladas de futebol, geralmente nos finais de tarde. Nos sábados tínhamos pela manhã e religiosamente a da tarde, que era a mais concorrida.

Muito longe do atual “beach soccer” eram onze contra onze e com todas as regras do futebol de campo. Haviam até torneios de times organizados.

O interessante era que juntavam pessoas de todas as classes sociais e culturais, sem nenhum preconceito.

Para exemplificar essa mistura, vou contar uma estória :

– Havia um colega chamado Haroldo (apelido “motorzinho”) que jogava no meio de campo. Já um pouco mais velho ele era detetive da polícia.

– Também tinha um moleque, mais ou menos da minha idade, que era assaltante e jogava na ponte esquerda.

– Pois bem Haroldo conhecia ele e no primeiro encontro foi logo falando:

-“Aqui estamos jogando futebol, fora daqui eu te prendo!” e assim foi, algumas vezes jogando do mesmo lado. Não havia nenhuma rusga. Final do jogo o moleque ia para seu canto e Haroldo pegava sua bicicleta e ia para casa.

Minha vantagem era morar bem perto da praia e guardávamos as redes e a bola na minha casa. Assim eu era sempre um dos primeiros a chegar e garantir minha inclusão na pelada.

Local do campo - entre Otavio Carneiro e a Belisário Augusto

Local do campo(foto recente) – entre Otávio Carneiro e a Belisário Augusto

A escolha era assim :

– a medida que os jogadores iam chegando anotavam, com um pedacinho de carvão ou uma pedrinha, pegos na areia, o nome em uma lista na beirada da calçada que era de concreto e ficava um pouco acima da areia. Quando já haviam nomes suficientes, e nos sábados era certo ter mais de 22 pretendentes, dois dos melhores jogadores escolhiam mais dez para seu time. Só eram escolhidos os 22 que haviam posto seus nomes primeiro na lista. Os demais ficavam na calçada ou atrás dos gols aguardando que alguém saísse para entrar, e em geral, na mesma ordem da lista.

Local onde escrevíamos nossos nomes para escolha posterior dos 22

Local(atual) onde escrevíamos nossos nomes para escolha posterior dos 22

Eu nunca fui grande coisa como jogador, mas sempre estava entre os 22 e, assim, tinha que ser escolhido. Tinha uma vantagem porém, era canhoto, o que me dava possibilidades maiores de não ir para o gol. Então, era escolhido para jogar do gol à ponta-esquerda .

Outra coisa interessante eram os apelidos. Além do motorzinho(Haroldo), moleque saci, Milton boçal(pela força do seu chute), seu irmão peré( que era uma redução de seu apelido perereca), buda, caco velho, banana, badger(nome de um político da época) além das reduções de nomes como beto, ou diminutivos como pedrinho.

Houve uma época, quando o Pelé foi jogar nos Estados Unidos, que muitos foram tentar essa aventura e fazer sua independência financeira. Um desses era conhecido nosso e, tendo voltado dos EUA recentemente, passou a frequentar nosso campo.

Certo dia fomos escolhidos em times opostos, eu como lateral esquerdo e ele(não me lembro o nome) no meio de campo.

O jogo corria normalmente quando uma bola ficou solta na minha frente.

Iniciei uma corrida para dominá-la e vi que ele vinha em meu sentido para disputar aquela bola sem dono. Durante a corrida eu pensava :

-“Ele já foi profissional e vai me quebrar” … “ele vai entrar para me quebrar”, até que chegamos juntos na bola.

Surpreendentemente ele veio com o pé esticado, para dar um biquinho na bola. Eu, com aqueles pensamentos, coloquei a sola do pé. Minha sola pegou a perna dele do tornozelo até quase o joelho, fazendo um belo inchaço que pensei, até, que tinha quebrado. Pelo que me lembro, agora, acho que a ponta do pé dele alcançou a bola instantes antes do meu chegar e assim peguei o alto da bola e a perna dele.

Foi marcada a falta, eu fui substituído e cada um foi para o seu lado.

No sábado seguinte, eu jogando, o vi com a perna engessada olhando nossa pelada, de cima da calçada. Pensei :-“que merda que eu fiz!”- pensando na carreira dele.

O tempo passou e, uma bela tarde de sábado, lá estávamos eu e ele na lista dos nomes e o dele estava entre os 22 iniciais, o que queria dizer que poderíamos ser adversários novamente. Tirado o par ou ímpar, a cada nome escolhido eu pensava :-“tomara que fique no mesmo lado dele” … “no mesmo lado”.

Terminada a escolha eu ia para lateral esquerda e ele no meio de campo. DO TIME OPOSTO !!!

Passei o jogo todo evitando as disputas de bola com ele, já imaginando uma retaliação. Quero dizer que até aquele dia nunca tinha quebrado um osso sequer, e continuei assim depois daquela partida.

Ele não me quebrou, mas, em um determinado momento em que avançava com a bola senti um pé na minha batata da perna. Caí e foi marcada a falta e ao levantar vi meu sangue na areia. Ele tinha me marcado com as cinco unhas do pé em arranhões bem grandes, sangrando saí do jogo e fui para o mar dar uma lavada no machucado, que era bem feio.

Não nos vimos mais, até porque o arranhado das unhas inflamaram, deram febre e íngua, necessitando tomar antibióticos e anti-inflamatórios durante um mês.

Pensando bem, acho que foi justo, um gesso por uma inflamação.

Niterói, visita ao Espaço Cultural Correios

Uma das coisas que sempre me incomodava, quando ia ao Centro de Niterói, era ver a sede dos Correios se degradando daquela forma. Intervenções para colocação de ar condicionado, pichações, o interior maltratado com seus guichês de postagem, uma tristeza mas, antes, um pouco de história, via Wikipédia :

“Antes da sua inauguração a agência central ocupação um salão da estação das barcas da Companhia Cantareira e Viação Fluminense. Em 1912, tendo em vista o movimento postal crescente e em atendimento a reivindicações de diversas personalidades, o então presidente da República Hermes da Fonseca, determinou ao seu ministro da Viação, José Barbosa Gonçalves, que atendesse ao pedido dos moradores da então capital do estado do Rio de Janeiro. Foi adquirido, então, um terreno em frente à estação das barcas, cabendo ao engenheiro e construtor Leopoldo Cunha encarregar-se da planta e da construção do Palácio dos Correios e Telégrafos, como ficou conhecido o prédio  .

O monumental edifício foi o primeiro grande prédio a abrigar uma repartição pública civil do Governo Federal na cidade, inaugurado em novembro de 1914, na presença do próprio Presidente da República Marechal Hermes da Fonseca, em seu último ato oficial na presidência (pois, no dia seguinte, encerrava seu mandato) , e seguia o padrão de grandes edificações para abrigar agências centrais e escritórios regionais dos correios brasileiros.Agencia Central Niteroi/RJ_ZecaLinhares_2

Até 1986, o prédio abrigou a agência central de Niterói e a diretoria regional dos Correios no antigo estado do Rio de Janeiro. Após a extinção da diretoria, o prédio passou a ser ocupado pelo Centro de Distribuição Domiciliária Icaraí e sediou a Região Operacional.”

Obras no prédio dos Correios em Niterói/RJAinda do Wikipédia :

Palácio do Correios, reformado e iluminado

Palácio dos Correios de Niterói, restaurado e iluminado

-“Palácio dos Correios, ou simplesmente Prédio dos Correios de Niterói, enorme edifício em estilo art noveau, inaugurado em 1914 e tombado como patrimônio histórico desde 1990, para abrigar a sede regional da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, em Niterói, então capital do Estado do Rio de Janeiro. Compõe-se o edifício de três pavimentos, possuindo dois torreões que ostentam cúpulas metálicas. Localiza-se na Avenida Visconde do Rio Branco, nº 481, Centro de Niterói, em frente a Estação das Barcas da Praça Arariboia. No prédio atualmente funciona a principal agência dos Correios na cidade e a sede da Região de Negócios que atende Niterói, São Gonçalo (Rio de Janeiro) e Região dos Lagos e, reformado e restaurado, passou a abrigar 2014 um Centro Cultural dos Correios.”

Passando, outro dia, pela porta resolvi entrar já que havia um banner indicando que havia uma exposição, aliás haviam duas.

Já havia entrado para uso dos Correios que agora ficam ao lado direito de quem entra e reparado o piso de granito, a sensação do pé direito alto, os novos guichês, tudo muito arrumado mas, agora, queria aproveitar do prédio, do que ele oferecia.

Logo no térreo, no espaço que, antigamente funcionava um local para atendimento de colecionadores agora tem uma exposição de fotografias chamada “aquimesmo. – Niterói vista pelas lentes de Pedro Vasquez”

Hall da entrada do Palácio dos Correios de Niterói/RJ

Hall da entrada do Palácio dos Correios de Niterói/RJ

Eu nunca terei uma exposição, enquanto não prestar a atenção que a ponta do dedo está na frente da lente. Continuando :

“aquimesmo” é o resultado do interesse permanente de Pedro Vasquez por Niterói, cidade que o inspira e à qual dedicou uma primeira exposição em 1984 “Nadando em Água Escondida”, realizada na Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense.

Então , seduzido pelos encantos de Niterói, entrei na exposição que, publico abaixo algumas fotografias que me chamaram a atenção, das 50 em exposição :

Exposição aquimesmoFoto: Divulgação

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

A exposição principal, porém ficava no segundo andar e, embora alertado pelos educados seguranças de que havia um elevador, resolvi galgar os dois lances de escada.

Pequeno hall entre a primeira e a segunda parte da escadaria.

Foto da escadaria

A decisão de ir pelas escadas se revelou a mais acertada pois pude apreciar os degraus de mármore e o corrimão de bronze, além do pequeno hall com seu piso antigo e a visão do átrio da entrada do Palácio.

Ao lado de fora do segundo piso uma grande varanda onde se sente a monumentalidade do Palácio dos Correios de Niterói/RJ

Uma das torres, restaurada

Varanda externa

Piso de madeira , mantido e restaurado, do espaço da exposição

Piso de madeira , mantido e restaurado, do espaço da exposição

Chegando ao segundo piso, então nos deparamos com uma outra ala, de maior espaço, com a exposição “DJANIRA , Cronista de ritos , Pintora de costumes, da coleção do Museu Nacional de Belas Artes.

Expositor e exposição

 

Djanira da Motta e Silva, nasceu em Avaré, São Paulo em 20 de junho de 1914. Pintora andarilha, sua obra destacou paisagens, o cotidiano e os costumes do Brasil. Ela é considerada uma das pintoras mais autênticas do País e um dos principais nomes do Modernismo brasileiro.

Disse Jorge Amado sobre ela :

“Sendo um dos grandes pintores de nossa

terra, ela é mais do que isso, é a própria

terra, o chão onde crescem as plantações,

o terreiro de macumba, as máquinas de

fiação, o homem resistindo à miséria. Cada

uma de suas telas é um pouco de Brasil.”

Entrada da Exposição

Entrada da Exposição

A seguir algumas fotos da exposição, que não demonstram a qualidade e o espetáculo que nos proporciona passear pelas 120 peças expostas :

O Circo, 1944

O Circo, 1944

Estudo definitivo (painel decorativo)"Indústria Automobilística" do navio Princesa Isabel, da Cia. de Navegação Costeira, 1962

Estudo definitivo (painel decorativo)”Indústria Automobilística” do navio Princesa Isabel, da Cia. de Navegação Costeira, 1962

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Vista da Exposição, tendo ao fundo os painéis “Minério de Ferro, Itabira, MG”, 1976

Interessante observar, ao alto e à esquerda, uma reprodução da pintura da parede original do Palácio dos Correios.

Detalhe do teto do Palácio dos Correios

Detalhe do teto do Palácio dos Correios

Finalmente, pois o melhor é ir pessoalmente à exposição :

Estudo de azulejo, Nossa Senhora da Conceição com o Menino Jesus

Estudo de azulejo, Nossa Senhora da Conceição com o Menino Jesus

O Palácio dos Correios fica na Av. Visconde do Rio Branco, 481, Centro, Niterói, RJ e a exposição vai até o dia 21 de março de 2015.

O autor do blog, fotografado por um dos amáveis seguranças :

O autor do blog no Palácio dos Correios

O autor do blog no Palácio dos Correios

 

Férias – Viagem de trem Niterói/Vitória

Em 1966 completei meu primeiro ano na Cia. Vale do Rio Doce e, ansiosamente, resolvi marcar meu período assim que pude. Acho que foi em abril ou maio.

Av. Graça Aranha, 26 - Rio de Janeiro

Av. Graça Aranha, 26 – Rio de Janeiro

Marcadas as férias, o que fazer com elas?

Aqui abro um parênteses. Naquela época, apesar de ganhar um bom salário gastava tudo em roupas ou discos ou festas, assim para economizar mais, levava uma marmita para o almoço. O hábito era almoçar no arquivo dos livros de contabilidade, local discreto e fechado. Lá almoçávamos eu, o arquivista e Ivete, a secretária do Superintendente.

Ivete era um mulherão que havia vindo de Vitória para o Rio, por promoção, e era muito franca não poupando seu nariz para o alto. Aliás, um mulherão daquele, podia andar com o nariz para o alto, já que tudo o mais estava “em cima”.

Entre nosso grupinho ela não poupava palavras nem palavrões. o que me intimidava e dava a ela um certo ar de mãezona comigo.

Obviamente, como todos os documentos passavam pela Secretaria, ela sabia que eu ia tirar férias e me sugeriu ir para Vitória passar uns dias. Me informou que como tínhamos a estrada de ferro Vitória-Minas éramos, como assim dizer, “ferroviários” e tínhamos direito a passagens de trem grátis( ou com um bom desconto, não me lembro).

Argumentei que os meus recursos, mesmo com custo baixos da passagem, não dariam para ficar dias em Vitória. Ela nem esperou eu terminar meu argumento :

-“Você vai para Vitória, minha mãe mora lá, tenho uma irmã da sua idade e vou falar com elas para que você faça as refeições lá em casa. Agora tem uma coisa: minha irmã é virgem e vê lá o que você vai arrumar senão te cubro de porrada quando voltar!” –

Ivete era assim.

Bem, sem poder dizer não, pela imposição que ela conseguia transmitir e por ser a Secretária do Superintendente, resolvi passar uma semana em Vitória.

Ivete resolveu tudo, ligou para o RH requisitando um memorando para a minha passagem, ligou para a mãe dela e tudo confirmado, levado por um arrastão, ia começar minhas primeiras férias indo, de trem, para Vitória.

A retirada da passagem era na Leopoldina, no Rio de Janeiro, de onde saía uma composição e outra saía de Niterói, se encontrando na Estação Visconde de Itaboraí, o que tornava mais prática minha viagem.

Só não me avisaram como me comportar já que o trem que saía de Niterói atendia várias estações no que seria a Grande Niterói e se encontrava com a composição que saía do Rio com destino à Vitória mas, e sempre tem um mas, parando em quase todas as cidades até Cachoeiro de Itapemirim/ES( onde eu descobriria que haveria mais uma baldeação).

No dia marcado, o tem era noturno, me dirigi à Estação General Dutra, ao lado do porto de Niterói, com minha malinha(graças a Deus pequena) nas mãos para desfrutar do carro Pullman, com cadeiras estofadas e reclináveis. Encontrada minha poltrona, e acomodado, reparei que o trem estava lotado o que era razoável já que ia parando pela Grande Niterói.

Estação General Dutra, Niterói/RJ

Estação General Dutra, Niterói/RJ

Tudo corria bem até chegarmos a estação de Visconde de Itaboraí. O trem parou, a máquina desengatou, e voltou para Niterói, nos deixando no escuro . Todos pareciam saber o que ia acontecer, MENOS EU !Estação de trem de Visconde de Itaboraí

Vi que a maioria estava com seus pertences nas mãos e fiz o mesmo, o que foi a salvação. Quem anda, hoje em ônibus ou trens lotados sabe que é um salve-se quem quiser para pegar um lugar sentado e, o idiota, aqui, com meu bilhete na mão esperando que houvesse uma poltrona com meu número reservada e me esperando vi, espantado, a correria. O trem ainda não havia nem parado, e as pessoas entrando pelas portas e janelas para pegar um lugar sentado. Obviamente entre eles não estava eu e, pasmo, quase nem entrei antes que o trem partisse.

Passei boa parte da madrugada em pé e apertado no carro que consegui entrar e, com o sol se levantando consegui um lugar para sentar, entre dois vagões. Entre alguma estação , que não tenho a menor ideia do nome, até a estação de Campos consegui, finalmente, minha poltrona estofada e reclinável. Foi por pouco tempo pois logo desembarcamos na estação de Campos em uma parada para o café da manhã.

Obs.: “A foto mostra os carros de aço carbono da RFFSA – SR8 Superintendência Regional Campos, anteriormente, RFFSA – 7ª Divisão Leopoldina, oriunda da antiga Estrada de Ferro Leopoldina e mostra, em primeiro plano, dois fantásticos carros de madeira para passageiros também oriundos da Leopoldina, na cidade de Campos – RJ, provavelmente em 1976. Um fato interessante é que os carros de aço carbono desta foto, que formavam o famoso Trem Cacique, já estavam nas cores originais da RFFSA. Para quem não se lembra, eles eram num tom vermelho-abóbora com a faixa da janela em tom creme, mas isso, na primeira fase da Divisão Leopoldina, como mostra uma foto propaganda da Santa Matilde. Acredito que esta seja a única foto dos carros de origem RFFSA – Leopoldina que os mostra nesta cor. (Fonte : Hélio dos Santos Pessoa Júnior – )”

Estação de Trem de Campos/RJ (Foto Hugo Caramuru)

Confesso que foi a primeira e última vez que tomei café morno adoçado com caldo de cana. O que foi ótimo já, que para minha surpresa, os carros pullman foram desengatados e eu feito um doido correndo atrás deles para pegar minha maletinha.

Voltei e me sentei para apreciar, em um banco estofado e duro, toda a beleza do interior do Estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Ao longo das estações fui comprando pães e frutas para suprir o almoço. Nesse ponto não me recordo se isso é uma estória ou se tinha um carro restaurante. O que importa é que após umas quinze horas entre em pé e sentado chegamos a Estação de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo.

Estação de trem de Cachoeiro de Itapemirim/ES

Estação de trem de Cachoeiro de Itapemirim/ES

Estava eu me espreguiçando na plataforma quando um funcionário da estação me perguntou para onde eu ia, ao que respondi:

-“Vitória!” – mostrando o bilhete

-“Então o Sr. tem que pegar suas “coisas” e passar para o trem que vai para Vitória que está ali” – disse ele apontando para um vagão mais velho do que o que eu tinha vindo até ali.

Uma olhada rápida e vi que os bancos eram de madeira, voltei-me para o funcionário e ingenuamente perguntei :

– “Quantas horas até Vitória, por favor?”

– Normalmente umas oito”- respondeu e se virou se retirando.

Eu já estava todo torto com o trajeto até ali e mais oito horas em banco de madeira? Decididamente, NÃO !

Peguei minha maletinha, um táxi na porta da estação de trem e disse confiante :

– “Para a rodoviária!”

Em lá chegando comprei uma passagem de ônibus, que levaria umas duas horas e meia em poltrona reclinável até o meu destino final.

Desci na Rodoviária de Vitória, que nessa época ficava no Centro da cidade numa praça, tomei um táxi e me dirigi para o hotel, que sem saber ainda, seria usado por muitas vezes nos fechamentos contábeis do futuro.

Hotel Prata - Centro - Vitória/ES

Hotel Prata – Centro – Vitória/ES

Minha maior preocupação era com a mãe da Ivete que poderia se deslocar para a Estação de trem para me receber e eu já havia chegado. Assim, liguei para ela e avisei da minha jornada e como já era de tardinha iria comer um lanche e dormir tudo o que não tinha conseguido durante a viagem.

Marcamos um almoço para o dia seguinte e eu iria provar da famosa Moqueca Capixaba, especialidade da Senhora Mãe da minha colega.

Nesse ponto é bom esclarecer que eu tenho HORROR a dois temperos : coentro e pimenta.

No dia seguinte me arrumei para conhecer a irmã da Ivete e a Senhora Mãe dela, me encaminhando para a casa das duas. A primeira surpresa foi ótima pois a irmã fazia jus a beleza e ao tipo da outra, embora de temperamento mais ameno.

Apresentações feitas ficamos nos degraus que davam acesso à casa conversando e, já dali, eu previ a minha desgraça: o cheiro do coentro impregnava todo o ar respirável. Pelo menos por isso seria razoável passar.

Chamados para o almoço, com aquele cheiro de coentro tampando minha visão da bela moqueca à mesa, fui servido e, graças a Deus havia farinha.

Na primeira garfada o coentro ficou para trás com a ardência da pimenta queimando todo o interior da minha boca. Engoli rapidamente e pedi que me servissem de farinha e alegando ser um hábito herdado de meu pai, baiano, entupi o prato. Eram algumas garfadas e um gole de água, que se repetiu até o fim do primeiro prato. Sim primeiro, pois seria muita falta de educação não aceitar a repetição que a Senhora já colocava para mim.

O que posso dizer é que entre um agradável namorico com a irmã de Ivete, passeando por Vitória e, os almoços infernais com coentro e pimenta, tenho saudades daquela viagem.

Os números de 2014

Os duendes de estatísticas do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2014 deste blog.

Aqui está um resumo:

Um comboio do metrô de Nova Iorque transporta 1.200 pessoas. Este blog foi visitado cerca de 4.700 vezes em 2014. Se fosse um comboio, eram precisas 4 viagens para que toda gente o visitasse.

Clique aqui para ver o relatório completo

Auxiliar de vendas, como entrei e por que saí – Final

Turma da Loja da Reserva - Plaza Shopping Niterói/RJ

Turma da Loja da Reserva – Plaza Shopping Niterói/RJ

Completando essa minha aventura no mundo das lojas, ficou no ar o porque de entrar nessa empreitada.

Não foi pelo dinheiro que, certamente agrega, mas não foi a sua necessidade que me fez aceitar o trabalho. Nesse ponto quero fazer um parênteses: durante minha vida conheci pessoas procurando emprego mas, procurar TRABALHO, poucas. Certamente, no meu caso, eu me meti em um trabalho.

Estava levando uma vida tranquila com minhas aulas de hidroginástica e natação, de segunda a quinta e o resto do dia para ficar no computador, vendo televisão ou enchendo o saco dos outros nas mídias sociais. Isso, no entanto não bastava e, pior, me deixava a exata noção da finitude da minha vida.

Sempre fui uma pessoa de paixões. Verdade que, como fogo em capim seco, elas ardiam e apagavam rapidamente mas, sempre repostas por uma outra e, nesse momento de calmaria da vida, isso me incomodava. Tinha também o exemplo que queria dar em casa, mostrando que quando se quer, realmente, trabalhar é só procurar. Emprego é que está difícil.

Certo de que esses eram os motivos me meti nesse turbilhão que é trabalhar em uma loja na época de Natal, isso sem falar da loucura que foi a Black Friday: Vendedores trazendo mercadoria, vendendo, o que não foi vendido dobrar e levar para o estoque, oferecer água, cafezinho e/ou uma cerveja, subir e descer escada, preparar o material para embrulho, trazer mais bolsas, tudo isso vindo do estoque.

Aliás esses são “os caras”, em uma loja: os estoquistas. Se o estoque não estiver organizado não vão vender nada e, é uma rotatividade enorme, o vendedor tira as mercadorias para mostrar ao cliente, as não vendidas são dobradas e levadas para os estoquistas que embalam novamente colocam nas estantes e já vem outro tirando tudo de novo e, tem as mercadorias novas chegando que todos os vendedores querem mostrar mesmo antes de serem conferidas e estocadas. Uma loucura que só quem é bom consegue manter o ritmo da loja em movimento.

Infelizmente algumas coisas me fizeram pedir para sair :

– um nervo pinçado pela coluna lombar que doía da coluna até o joelho, obrigando a trabalhar tomando analgésicos e anti-inflamatórios  e, contrariando até o gerente que me mandava diminuir o ritmo, não parando de subir e descer aquela escada, o que não ajudava em nada a passar a dor. Aliás essa dor foi anterior ao início do trabalho na Reserva e parecia curada;

– um stress de um consultor que não entendia que era Auxiliar de Vendas e, finalmente,

– descobrir que lá no fundo, eu queria mesmo era voltar no tempo. Ter menos 30 anos e menos 30 quilos, fazer um projeto para meu futuro, me apaixonar com possibilidades do capim queimar e reacender. A mente e o coração(alma) podem estar nos quarenta mas o descobrir que você envelheceu, o tamanho da pochete que você tem no que era sua cintura, que o seu tempo já não é aquele, que por mais que você se esforce nada do que você fez no passado vai se repetir, me derrubou.

Esse último item pesou muito na minha decisão de parar com um sonho que era só isso mesmo, um sonho, de onde logo logo eu iria despertar e “cair na real”, como aconteceu,.

O que fazer agora? Hoje terminar este post. Amanhã ……..

P.S. : vale tudo o que está escrito na carta de despedida. Obrigado amigos.

Carta de despedida aos amigos da loja da Reserva

Niterói, 17 de dezembro de 2014

Aos Amigos da

Loja Reserva,

Plaza Shopping Niterói,

Niteró, RJ

Queridos,

Como se diz “adeus” para pessoas que me receberam como mais um da Família? Não se diz!

A razão é que é impossível dizê-lo para pessoas que me trataram tão bem, me cercando de carinho e atenção que penso não ser digno de recebê-los.

O dia a dia foi maravilhoso e me senti plenamente incorporado ao grupo que trabalha na loja, do Gerente ao Auxiliar de Vendas mais novo.

Infelizmente, esse mundo de loja, reascendeu alguns problemas físicos que pensava estarem totalmente curados e também uma incapacidade, minha, de compreender melhor cada um de vocês. Entretanto saio mais completo, mais capacitado, mais experiente com o que, uns mais outros menos, me deram do seu conhecimento.

Digo, como nos últimos dias, “até amanhã”, como vinha fazendo nesses 35 últimos dias. Levo em meu coração cada palavra, cada gesto, cada brincadeira, cada ensinamento obtido e, principalmente, levo meu amor incondicional a todos. Aos quais peço licença para exemplificar nas pessoas de Margareth (Margô), Camila, Junior e Rafael.

Fazendo uma adaptação do samba do grande Paulinho da Viola :

Foi um Rio que Passou na minha Vida:

Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração
Tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar…

Porém! Ai porém!
Há um caso diferente
Que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre

Era véspera de Natal
Carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém
Que não me lembro anunciou

Reserva, Reserva

A vida trazendo alvorada

e meu coração conquistou…

Ah! Loja Reserva

Quando vi você chegar

meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
Minha alegria voltar
Não posso definir
Aquele sentimento

Não era do céu

Nem era do mar


Foi um rio
Que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar

E assim vocês levaram meu coração, com esse rio de amizade que passou na minha vida,

Obrigado e “até amanhã”

Araken

Auxiliar de vendas, como entrei e por que saí

Iniciando na Reserva - Plaza Shopping Niterói

Em outubro deste ano a rede de lojas de roupas masculinas Reserva, num ato de ousadia abriu vaga para maiores de 60 anos, ou “seleção sub-70” como chamo. Num ato de ousadia eu mandei me currículo e foi escolhido, após uma entrevista em grupo. Eram 4 vagas e a minha como moro em São Gonçalo/RJ ficou no Plaza Shopping de Niterói.

A ideia do projeto é formidável e recomendo sua continuação mas, no meu caso específico, uma contusão na lombar aparentemente curada, com o trabalho reapareceu de forma fulminante e muito dolorosa.

O universo interno, de funcionamento de uma loja do padrão da Reserva foi totalmente inusitado para mim acostumado que estava com empresas metalúrgicas, mineradoras, etc. Embora todas visem o lucro a forma de lidar com esse fim foi uma descoberta muito interessante.

Começamos com as metas que cada vendedor tem de fazer, que são ditadas mês a mês, que tem que fazer cumprir a meta da loja junto à empresa. Geralmente são bastante ambiciosas o que gera uma pressão sobre todos, até que se cumpra a meta do mês.

Entra em cena o papel do vendedor versus o site na internet. Nem sempre o que tem na internet tem na loja e muitas pessoas, que não entendem de e-commerce ficam danadas por não encontrarem o produto, como se tudo que tem no site da Americanas.com você encontrasse nas lojas. Vi clientes chegarem com a foto do produto que constava no site e a loja não tinha, causando vários problemas tanto para o consumidor, quanto para o vendedor. Explico :

Como existem vários vendedores faz-se, diariamente, uma ordem de atendimento, assim o primeiro cliente a entrar na loja é atendido pelo primeiro vendedor na lista e não adianta você dizer que foi só dar uma olhada, se ele não vender nada, cai para a última posição. Se você entrar na loja de produtos masculinos, como a Reserva, e perguntar se tem vestido, o vendedor que te atender vai cair para último. Isso gera aquela insistência em -“não quer ver uma camisa para o namorado ou marido?” – que .algumas vezes nos chateiam.

Após aprender esse funcionamento fui para o cérebro da loja. Chamo de cérebro por ser onde ficam as informações e os produtos a serem vendidos: o estoque, que vou comentar mais tarde.

Voltando ao Auxiliar de vendas ele é responsável por dar suporte ao vendedor, dobrar e retornar com os produtos para o estoquista, ajudar o estoquista a colocar os produtos nos locais corretos, fazer embrulhos, manter a loja abastecida de sacolas e papeis de presente, oferecer água e café aos clientes e outros trabalhos de suporte, e foi isso para o que fui contratado.

Minha maior dificuldade foi  ficar seis horas de pé ou subindo e descendo as escadas. Os primeiros quinze dias chegava sem sentir meus pés, em casa, pensando no que havia me metido. A segunda maior dificuldade foi dobrar camisas de mangas compridas e camisas regatas. Não acertava uma, sequer. Adotei uma prática : pegava para mim as malhas e as polos e deixava para os outros dobrarem as demais.

Comecei também, orientado pelo Gerente, a ser como um anfitrião da loja, quando via que as coisas estavam difíceis para o vendedor ou ele tinha que se ausentar para pegar mais produtos, lá estava eu com um copo d’água ou um cafezinho. Isso fazia a espera ser minimizada e/ou dava mais tempo ao vendedor para oferecer outras alternativas.

A Reserva também oferece cerveja aos cliente e houve um caso engraçado :

Um cliente, que havia bebido mais de uma cerveja servidas por mim, ao finalizar sua compra disse, quando eu passava pelo balcão:

-“Araken, eu entrei aqui só para dar uma olhada e eu só comprei porque você me deu c-e-r-v-e-j-a!”-

Continua no próximo post.