Arredores de Cuzco : Sacsayhuaman, Qenqo e Tambomachay

Meu quarto no Royal Inka II - Cuzco

Meu quarto no Royal Inka II – Cuzco

Naquela noite saí para jantar e ver a movimentação ao redor da Plaza de Armas (Praça Central) vendo algumas lojas e os camelôs vendendo de tudo aos turistas. Jantei uma pizza e pedi a coca-cola, de sempre.

Ao pedir o refrigerante eu avisei a garçonete que queria o refrigerante “gelado” e não à temperatura local como comumente é servido.

Isso gerou um desacerto de entendimento pois em espanhol “gelado”, significa sorvete e ela voltou espantada para confirmar se eu queria mesmo um sorvete junto com a pizza, o que respondi que não, obviamente.

Então pedi um copo com pedras de gelo e ela me perguntou, já que nos havíamos entendido quanto ao gelo : – “Uno vaso?”

Aí eu pedi sua caneta e desenhei um copo com pedras de gelo e ela riu e respondeu :

-“Un vaso com hielo!” e eu concordei esperando que ela não trouxesse algo mais estranho que um sorvete com pizza.

Passei mal a noite, pois havia ficado muito tempo sem me alimentar e isso sempre me ocasiona distúrbios estomacais . Tomei uma pílula de carvão e fui dormir.

Pela manhã o guia Álvaro já me esperava para visitarmos novos sítios arqueológicos, em busca de mais energia.

Seguimos para Sacsayhuaman, onde já havíamos passado no dia anterior, de longe, pela estrada de volta de Pisac.

Planta de Sacsayhuaman

Planta de Sacsayhuaman

Talvez quem tenha ido ao Egito tenha tido a mesma sensação que eu: – “Como é possível?”

Pedras com mais de 4m²

Pedras com mais de 4m²

E os encaixes, perfeitos sem nenhum preenchimento para completar os ângulos . Subi em direção a torre onde vivia o INKA.

Em cada estágio da construção há uma porta para o seguinte:

Portal para outro nível

Portal para outro nível

Deitei no centro e senti o calor do sol batendo no meu corpo. Nesse momento tive a sensação de medo, pavor como se fosse ao final de uma batalha e vi uma mulher com roupas coloridas correndo torre acima.

Base da Torre

Base da Torre

Diferentemente do que havia sentido na praça, em frente da construção, que foi de alegria.

Sacsayhaman

Sacsayhaman

Saindo de lá seguimos para Qenqo, uma pedra imensa que lembra, vagamente o cérebro humano e com diversos entalhes feitos pelos incas, ou entalhes naturais, o que em alguns casos não soube distinguir.

Qenco

Qenqo

Existe um anfiteatro com uma pedra lisa, em frente que se parece com uma tela ou uma portal inter-temporal.

Anfiteatro

Anfiteatro

Local de sacrifícios humanos :

Altar de sacrifícios humanos

Altar de sacrifícios humanos

Altar de sacrifícios

Altar de sacrifícios

Locais onde passavam o sangue colhido e dependendo de para onde corria definia o próximo ano, ou como descrevo a seguir a conexão do portal:

Definição do próximo anos

Definição do próximo anos

Lá eu senti a energia de pessoas chegando para uma festividade religiosa, o portal de energia e no topo senti a praça cheia de incas em frente ao portal elevando suas mãos para conectar a pedra com o céu. Senti também que dependendo do resultado, o sacrifício, indicava se haveria conexão com o portal.

Com todas as sensações sentidas não saberia distinguir o que era verdadeiro ou simples desejo de que fosse uma visão .

Terminada a visita seguimos para Tambomachay, ou Banho do INKA:

Tambomachay, Banho do INKA

Tambomachay, Banho do INKA

Fui novamente levado a procurar os locais de energia. Logo se vê a mostra dos três níveis espirituais que os incas acreditavam. o mais alto o do Condor e abaixo o Puma e o Consor.

Fiz a saudação à água, mergulhando três vezes a cabeça e pedindo a cada um, Condor, Puma e Serpente que me permitissem visualizar a energia do local.

Bebi três goles de água, um para cada nível pedindo permissão para subir onde ficavam algumas imagens ou múmias de alto conhecimento, já retiradas.

Existem duas portas para chegar ao topo e foi na segunda onde tive, conscientemente, uma energia tão forte que houve uma explosão de cores, locais.

O azul do céu, o branco das nuvens, o verde do mato ao redor e os tons de marrom ficaram extremamente vivos. Além disso uma barulhenta brincadeira de crianças falando e rindo. Quanto tempo durou, não sei. Talvez um décimo de segundo mas, na minha percepção uns 2 ou 3 minutos.

Voltamos para Cuzco com essa sensação dentro de mim. Chegando lá procuramos um restaurante vegetariano e depois fomos a pé para uma visita a Catedral na praça de Armas.

Pela foto vê-se o que foi a destruição dos templos incas para a construção de casas e igrejas espanholas e o ouro e a prata do povo inca usado para ornar deuses que não eram deles.

Altar principal da Catedral de Cuzco

Altar principal da Catedral de Cuzco

A seguir : A pérola da coroa -> Machu Picchu

 

Arredores de Cuzco : O Mercado de Pisac

A cidade de Pisac  as margens do Rio Urubamba

A cidade de Pisac as margens do Rio Urubamba

Do alto da estrada já é possível ver a cidade de Pisac e no centro dela a praça onde nas terças feiras e sábados os artesãos oferecem seus artigos. Vejam nas fotos abaixo a proteção do Condor esculpido pela natureza na montanha.

Vista da Estrada: A cidade de Pisac

Vista da Estrada: A cidade de Pisac

Realçando o Condor, animal representativo do Mundo Superior:

Realçando o Condor

Realçando o Condor

A esquerda os platôs construídos para a agricultura com o contorno da formação natural da montanha.

As cores do Mercado

As cores do Mercado

A Praça da Pisac é uma explosão de cores e de produtos artesanais indo de tapetes, colchas, tocas, moringas, cordões. Os padrões de desenhos ainda são mantidos até agora o que é muito importante para a cultura local.

Infelizmente, logo na entrada, encontrei vários vendedores com brincos exatamente iguais aos que se encontram nas ruas daqui.

Como em todo mercado desse tipo é preciso pechinchar muito, então eu adotei uma tática de pedir ao guia que fosse meu comprador e por ele ser um local já começariam com preços mais baixos.

Assim fui fazendo minhas compras após muita negociações, alguns objetos que são vendidos como muito antigos são falsificações e era preciso ficar atento.

Quando a fome bateu eu vi um pequena padaria onde comprei quatro pães saídos do forno e recheados de tomate, queijo e cebola além de um pacote de quinoa, naquela época  cereal desconhecido para mim, e uma coca-cola, como sempre, a temperatura local.

Padaria em Pisac

Padaria em Pisac

Seguimos andando pela cidade para conhecer mais do que o comércio no entorno da praça.

Mercado de Pisac - foto atual - ao fundo a rua que encontramos a loja de artesanato

Mercado de Pisac – foto atual – ao fundo a rua que encontramos a loja de artesanato

Um quarteirão depois encontramos uma loja só de artesanatos de cerâmica e madeira, exatamente o que eu queria.

Loja de artesanatos e meu guia Álvaro

Loja de artesanatos e, de colete, meu guia Álvaro

Ficamos mais de hora para que eu escolhesse os produtos que traria para minha loja, a Profecia Celestina. Já estava se encerrando a feira quando deixamos Pisac.

Da estrada dei hasta luego para Pisac.

Eu voltaria lá em minha segunda viagem ao Peru.

Mas isso já é outra história.

Mercado de Pisac

Mercado de Pisac

No retorno passamos, ao longe, pela estrutura inimaginável de Sacsayhuman.

Sacsayhuman ao fundo

Sacsayhuman ao fundo

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Arredores de Cuzco – Urubamba e Samana Wasi

Após deixarmos meu novo amigo Gary como descrevi em De Puno à Capital do Império Inca – Cuzco fui dormir para iniciar a exploração dos arredores de Cuzco e alguns de seus sítios arqueológicos.

Dia seguinte:

Meu guia Álvaro me esperava na recepção do hotel e nossos destinos iniciais eram as ruínas de Ollantaytambo e uma visita ao autor de um livro que e me havia impressionado muito E… O Anciao Falou- Revelações da Sabedoria Inca por Anton Ponce de Leon * .

Don Anton Ponce de Leon

Don Anton Ponce de Leon

Chegamos primeiro na cidade de Urubamba, para conhecer um dos maiores ceramistas peruanos Pablo Seminário.

Pablo Seminário em seu atelier

Pablo Seminário em seu atelier

Uma das pequenas decepções ao visitar o atelier foi ver que a globalização já o tinha atingido, algumas peças com a mantra OM, porém a maior parte é puramente peruano e valeu passar por lá.

Seguimos e passamos rapidamente por Ollantaytambo, mas não explorei o lugar pois tinha hora marcada com Don Anton em Samana Wasi.

Fotos de Ollantaytambo, para se ter idéia da engenhosidade dos Inkas (selecionadas no Google)

Ollantaytambo

Ollantaytambo

Silos de armazenagem de grãos

Silos de armazenagem de grãos

Silos

Silos

Chegamos em Samana Wasi e o próprio Don Anton nos recebeu convidando para entrar.

Acesso atual

Acesso atual

Ele me pareceu uma figura bastante interessante e que me recordou o meu analista, à época, o psiquiatra Dr. Joacy.

Fomos convidados a sentar na varanda da casa dele de onde se tem uma vista da propriedade com canteiros da horta e um belo jardim arborizado .

Ficamos conversando sobre sua Fundação e a ideia da “Irmandade Solar” voltada para a sabedoria Inka e contatos com outros universos, como eu entendi. Foi muito interessante saber que a Fundação recebe crianças de rua e idosos abandonados.

Naquele momento havia somente uma idosa e uma ou duas crianças. Ele contou que muitos deles preferiam voltar para a rua do que ficar na fundação com abrigo mas também com responsabilidades.

Saímos da varanda e fomos para o jardim onde sentamos em torno de uma mesa de madeira cujos bancos eram troncos de árvores antigas. Lá ele falou sobre os três níveis, espirituais, dos Inkas e uma forma de meditação que ele chamou de “meditação ativa” ou seja paralelamente ao que você esteja trabalhando.

Falamos de uma filosofia do “Eu Sou”, que preciso, ainda, entender melhor e após uma pergunta ele respondeu que “não havia problema em ter coisas  e sim em não manter o equilíbrio entre o consumo e seu papel pessoal na sociedade.

Recebi o convite para passar cinco dias internado na Fundação e participar dos ritos da Irmandade Solar, mas até hoje não pude retornar.

Deixamos Samana Wasi e eu tinha que decidir em retornar para Ollantaytambo  ou o mercado popular de Pisac. Decidi pelo consumo e fomos para o mercado de Pisac, que ficará para uma próxima postagem.

Mercado de Pisac - foto atual

Mercado de Pisac – foto atual

 

* Outros links de Samana Wasi:

Do local : http://samanawasi.com/es

Do aprendizado: http://hermandadsolarescueladevida.com/es

Ressaca na Floresta

Em 1991 a Vale, onde eu trabalhava, criou um processo de demissão voluntária. Após conversar com meus Gerentes decidi que esse seria o melhor caminho pois me parecia que não ia me adaptar ao novo sistema administrativo.

Enquanto o processo rolava, eu entrei em contato com um conhecido, Luiz, que juntamente com um ex-superintendente da Vale haviam formado uma empresa de consultoria.

Após minha saída, comecei a trabalhar nesse processo de apresentação dos produtos da consultoria para empresas do grupo Vale e a primeira visita para apresentar o processo de reestruturação de quadro de pessoal e de O&M(Organização e métodos) foi um sucesso.

A Florestas Rio Doce, de Belo Horizonte assinou um contrato para reestruturação concretizando nossa associação e, eu iniciei uma nova experiência.

Sob a supervisão do Luiz, fiquei como consultor e, aplicando suas técnicas, para a criação de uma nova estrutura de pessoal.

Eu morava num hotel mais barato e perto do escritório da Floresta, no centro de Belo Horizonte, o que me permitia pagar por uma suíte.

Florestas Rio Doce - Explicando os processos

Florestas Rio Doce – Explicando os processos.

 

Ficamos , praticamente, o final de 1991 e a maior parte de 1992 fazendo esse trabalho que foi entregue e aprovado, tanto pela Florestas Rio Doce quando pela Vale.

Logo em seguida a Florestas Rio Doce assinou um contrato de elaboração do Manual de Procedimentos (O&M) e eu fui ficando em Belo Horizonte, só vindo em casa nos fins de semana.

Em 1993 a Florestas Rio Doce comemorou 25 anos e como “gran finale” uma recepção com direito a música, petiscos, jantar e bebida.

Quando eu falo em bebida você deve estar pensando em uma cerveja, um vinho ou um wisky e naquelas filas nas saídas da cozinha para atacar as bandejas.

Se enganou, meu bem, a festa era “pode vir quente que eu estou fervendo”. Ao sair do elevador na entrada do salão você encontrava uma mesa repleta de diversos coquetéis, mas muitos e variados coquetéis, além de escutar o conjunto tocando músicas apropriadas para dançar.

Aliás, como dizia Chico Anysio: “naquela época você dançava um COM o outro, diferente de hoje que se dança um CONTRA o outro!”

O certo é que passei direto pela mesa na ingênua impressão de que só ia beber refrigerante durante a festa.

Tem três vinhos que não recuso: o branco, o espumante e o Do Porto, e ao entrar no salão, antes mesmo de começar a cumprimentar os amigos e principalmente o Presidente da Empresa, o anfitrião, um garçom já me serviu uma taça de vinho branco que tomado um gole desceu suavemente.

Não havia nada errado naquela festa. O conjunto era ótimo, as pessoas maravilhosas, e a bebida de excelente qualidade. Havia, algum refrigerante, esse vinho branco maravilhoso e whisky todos de primeiríssima qualidade, além de salgadinhos, que sinceramente, não lembro de tê-los comido.

O serviço do buffet não deixava, quando eu ia me virar para pegar um salgadinho, o garçom já tirava minha taça, pela metade e colocava outra cheia.

E assim foi a noite toda, taça meio vazia, por taça cheia e ou eu prestava a atenção na troca da bebida ou nos salgadinhos.

Mais para o final da noite serviram o jantar, que a essa altura, não sei do que se tratava, após o jantar um bolo(eu acho) e a festa foi se encerrando.

O Luiz, provavelmente vendo o meu estado e a dificuldade de encontrar um táxi me deu carona até o hotel. Tentei não andar de quatro, mais o navio jogava muito. Graças a Deus não vomitei no carro dele.

Ao chegar no meu apartamento do hotel, me deu um vazio, provavelmente do estômago reclamando da falta de comida, que eu considerei um vazio espiritual, que merecia uma outra garrafa de vinho.

A última coisa que me lembro foi de abraçar o garçom do hotel, por ele ter levado o vinho num balde de gelo.

Dia seguinte.

Acordei , ou fui acordado mais ou menos umas 10:00 da manhã, por uma dor de cabeça enorme e, antes mesmo de tomar um remédio, corri para o vaso para colocar tudo que eu não tinha, dentro, para fora. Tomei o primeiro comprimido mas meu estômago revoltado por ter passado fome devolveu quase que imediatamente.

Após tomar o segundo e esperar deitado que aquelas luzes, como vagalumes, parassem de rodar na minha frente me dei conta que tinha marcado o voo de volta para casa para as duas da tarde.

Assim num esforço hercúleo, me levantei e deixei cair a água gelada do chuveiro por talvez uma meia hora. Junto com a chuveîrada meu estômago ainda insistiu em devolver ou tentar devolver algo que ele não possuía desde a noite passada : comida.

Saí do banheiro e enquanto me enxugava fui dar uma olhada pela sala do apartamento e foi quando me deparei com o balde e a garrafa vazia. Olhei o balde não havia nem água e a garrafa estava sem rótulo. Olhei no banheiro da sala e não havia indício de pedaços de rótulos de vinho na pia. No vaso certamente não jogaria por hábito de depositar o papel usado em cesta a parte.

Minha única conclusão possível e que me acompanha até hoje é que, além do vinho, bebi a água do balde com rótulo e tudo.

Tomei outro comprimido para dor de cabeça e saí do hotel em direção ao aeroporto. Fiz o check-in e enquanto aguardava para embarcar o meu revoltado estômago me obrigou a ir para o banheiro. Molhei o rosto e, de onde  não sei, vomitei enchendo a pia. Lavei a boca e vendo o zelador do banheiro tirei uma nota de uns R$20,00, pedi desculpas e que arrumasse a pia que eu havia entupido.

O voo de volta jogou muito, ou era minha cabeça que rodava. Recusei o lanche oferecido. Chegamos desembarquei e vim direto para casa onde os cuidados de minha querida esposa, com uma sopa quentinha e um quarto escuro, começaram a abrandar a ressaca.

Notícia publicada em Belo Horizonte sobre a festa da 25 anos da Florestas Rio Doce

Notícia publicada em Belo Horizonte sobre a festa da 25 anos da Florestas Rio Doce – eu na foto de baixo, à esquerda

Segunda feira bem cedo já estava voando para Belo Horizonte, meio receoso de comentários,  que não aconteceram.