Eu creio mas não tenho fé !

Penso que crença e fé, na questão religiosa, espiritual têm diferenças muito grande e já vi demonstrações de ambos.

Por exemplo: eu acredito, então tenho Crença, mas não sinto a força advinda daquilo em que acredito, então não tenho Fé

Começo lendo as definições na língua portuguesa:

Crença

substantivo feminino, 

religiosa, Confiança, Opinião.

substantivo feminino

Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro.[Religião]  Sentimento de quem acredita em determinados ideias ou princípios religiosos = CRENÇA; Religião, culto (ex.: fé cristã, fé islâmica); [Religião]  Uma das virtudes teologais; Estado ou atitude de quem acredita ou tem esperança em algo; = CONFIANÇA, ESPERANÇACEPTICISMO, INCREDULIDADE; Fidelidade; Prova.

Os negritos são meus, para mostrar que nos dicionários, crença e fé, são similares.

Eu tive uma loja de produtos exotéricos. Vendíamos de tudo, incensos, livros, roupas, velas, alimentos naturais não perecíveis, quadros, objetos de decoração, objetos para o uso de incenso e velas, adornos etc.

O nome de fantasia, da loja, foi tirado do título de um livro que eu havia gostado muito : “Profecia Celestina”.

Entre os nossos clientes, havia uma senhora muito amiga e cliente fiel. Certo dia ela me perguntou se eu acreditava naquilo que vendia.

Minha resposta diz do assunto que escrevo:

-“Acreditar eu acredito, mas se eu tenho fé em que usando vai me causar o bem proposto, minha resposta é não.

E ela :-“Então você é uma fraude!”

Aquela frase, afirmativa, jogada na minha cara me pegou de surpresa, mais sobre crença e fé, do que pelo significado das palavras.

Respondi: – ” Eu creio que o que vendo terá utilidade para quem tem fé, acredito que são feitos para o bem, mas para mim, não, pois não tenho a força interior de usá-los na certeza de que ajudarão a resolver minhas angústias”. – dei uma pausa e continuei: -“Então de certa forma a Sra. tem razão, nesse sentido eu sou uma fraude.”

Eu seria uma besta se ao olhar em volta não visse que existe uma força energética, tentando manter o nosso equilíbrio. Força essa que está em todo os lugares e em tudo o que existe sobre e, a própria Terra.

Que essa energia está dentro de cada um de nós humanos animais ou qualquer outra espécie. Que está em nosso entorno mantendo o equilíbrio na Terra e no Universo, ou seja somos a materialização dessa energia.

Ao morrermos o que fica é uma roupa velha destinada à reciclagem natural ou a queima total.

A energia que faz essa roupa se manter em pé e tomar decisões, após a morte se junta ao todo, sem perder sua individualidade e no nível de vibração que teve durante o tempo em que viveu.

Se você procurou manter-se integro e distribuir o Amor certamente estará num nível de vibração similar e se sentirá confortável, com disposição de voltar para aprender mais e ir subindo nos níveis de vibração até se juntar ao Todo e não mais precisar voltar.

Estaria unido à Deus (ou qualquer outro nome que tenha o mesmo significado).

Se você praticou o mal, foi omisso na distribuição do amor que todos tem dentro de si, então você, ao abandonar essa existência e se unirá a outras vibrações similares onde cada um continuará fazendo o mal ao próximo como o fez em vida.

Nesse momento a todos é dada a oportunidade de retornar e aprender com os erros do passado e melhorar sua vibrações.

O certo é que, pelo que creio, todos sem exceção desejam se unir ao Todo, ou Deus, como chamam.

Há isso eu chamo de crença, como, por exemplo :

Eu creio que as cores tem níveis de vibrações diferentes e podem ajudar ou  prejudicar nossas necessidades; assim como o som (Música, mantras, orações, etc), os aromas, etc.

Em tudo isso eu CREIO, mas e a fé?

Esse dom eu não tenho que é usar tudo o que creio, que faz parte de mim, nas minhas dificuldades e no auxílio ao próximo.

Fé para mim é isso: o uso da crença para ultrapassar as barreiras que a vida te coloca e transmitir aos outros essa vibração amorosa, verdadeira, quase material.

Se você quer saber tenho inveja de quem tem fé e, sabe por que? Porque eu creio nisso tudo mas no meu interior essa crença não flui como um fluxo de amor à mim, ao Todo(Deus) e ao próximo.

Complemento 

Texto elaborado pela minha amiga e comadre Dirce Lourival:

 Ser orientada no Espiritismo X Catolicismo desde cedo…

Parece confuso mas explico:

O meu pai era de família bastante católica onde todos os rituais tinham que ser praticados a seu tempo. Em reforço, na escola, na sociedade em geral, na nossa cultura local predominava o catolicismo disparado. Qualquer outra coisa era do diabo!

Daí, fui batizada, crismada, fiz primeira comunhão, casei, batizei os filhos,também foram crismados, tudo em acordo com a Igreja Católica. Frequentei missas aos domingos e dias santos, participei de ladainha, gosto até hoje de missa e terço sem obrigações de dia e hora.

Seja qual for a crença, a oração, a religião, qualquer coisa do tipo em grupo tem força e me faz bem, sinto um movimento de dar e receber muito gratificante.

Mas questiono o significado de cada oração, de cada palavra que a compõe mas vou rezando ao meu modo, com fé e crença, assim… assim. Por outro lado, minha mãe foi iniciada no espiritismo e tivemos desde sempre acesso ao Centro, as práticas dos passes, as leituras, etc….

Muito embora a família do meu pai de certa forma, condenasse, um não interferia na prática da crença do outro, nem limitava as filhas a isso ou aquilo. Sempre me senti muito bem em ambas as situações e espaços.

Com o tempo, fui conhecendo pessoas das minhas amizades também praticantes do espiritismo ( Nadir *, uma delas…) e vi que minha mãe e a esposa de um sobrinho do meu pai, não eram ovelhas desgarradas. Por conta dessa vivência li muito sobre  vidas passadas, reencarnação, o que cada um de nós em família teríamos sido, ouvi entendidos e curiosos, sempre acreditando.

Veio o tempo das peças teatrais com base na doutrina espírita e a famosa “Além da vida”.

Toda a família, amigos, praticantes, etc… foram assistir  onde passava, lá em caixa prego, no escambau e eu nunca conseguia ir. Até que numa semana santa, 10 anos depois, a peça ficou em cartaz na UFF.

Era a minha vez, precisava ver para continuar a afirmar minha crença – e fé – na reencarnação. Mas,pasme, do meio da peça em diante surgiu outra explicação na minha mente. Não sou bem eu que volto e reencarno mas um descendente meu que absorve daquele núcleo, ao qual pertenci em época remota, que vivenciou determinadas experiências em grupos distintos, familiar, social, trabalho, etc… e as “dívidas” ficaram..Mais ou menos como o processo da informação genética, não me pergunte onde essas outras ” informações” ficam arquivadas…

Contudo, não concordo que tudo se acabe após a morte. Como você( Araken França **), acredito que a “vestimenta” é que fica sendo reaproveita pelo meio ambiente (do pó viemos, ao pó voltaremos ***) e tomamos outros rumos… uma energia, ainda que combalida pelo desgaste natural ( ou não) não se extermina assim…é a minha crença…mas a fé, como posso tê-la, onde está a prova?

Observações:

* Nadir, referida no texto, é minha falecida mãe que praticou a vida toda, praticamente, o Kardecismo tanto nas reuniões, leituras, palestras como na vida cotidiana.

** Araken França, autor do Blog, espiritualista, criado por pai Umbandista, mãe Kardecista e o único irmão, católico praticante.

*** inclusão, minha, no texto de Dirce Lourival