Meu Pai, conhecido como Jones

Meu pai, minha irmã e meu irmão

Meu pai, minha mãe e meu irmão

Não tenho muitas lembranças de convivência com meu Pai mas, hoje, relembrando alguns fatos penso que herdei algumas qualidades, e, provavelmente, defeitos dele. Contam que a mãe dele queria que se chamasse Jones, porém meu Avô registrou como João.

Minha Avó e, daí em frente, todos os parentes só o chamavam de Jones.

Minha Avó nunca o chamou de João.

Meu pai, João França

Meu pai, João França, conhecido como Jones

Dele herdei o compromisso, as vezes exagerado, com o trabalho.

Contava meu Pai, com orgulho, que no dia em que eu nasci ele estava na maternidade e enquanto aguardava meu nascimento revia e assinava papéis do trabalho que fazia no Banco do Brasil.

Dele também herdei o senso de justiça.

Lembro que em certa altura da adolescência eu tinha recebido de meu irmão o trem elétrico dele. Confesso que nunca fui de cuidar de minhas coisas e, um dia, não achei mais o trem na bagunça dos meus brinquedos. Meu irmão havia dado sob a desculpa de que eu não cuidava do trenzinho.

Naquela mesma semana quando eu fui pedir , ao meu irmão, o seu smoking para um baile de formatura, que aconteceria no sábado, e ele negou o empréstimo sem nenhum argumento justo.

Entrei no quarto de meus pais, que lá estavam, chorando e ameaçando cortar o smoking de meu irmão com gillette e dando como desculpa a decisão dele ter dado o trem elétrico, que tinha me pertencia.

Para quem não sabe o que é uma gillette aqui vai um comercial da mesma:

Voltando ao caso, minha Mãe concordava com meu irmão alegando que eu não cuidava das minhas coisas. Meu Pai, colocou a mão sobre o braço dela e falou:

-“Amanhã vamos comprar um smoking para você”. Falou e fez.

No dia seguinte fomos à antiga casa José Silva, que ficava na Rua da Conceição, aqui no Centro de Niterói/RJ e escolhi o meu smoking, o qual ficou pronto para aquela festa e, muito mais festas que fui.

Outro fato, esse dolorido, que me lembro foi num jantar. Meu Pai gostava muito de pimenta e naquela noite Ele começou a amassar a pimenta no azeite, antes de se servir. Sentávamos Ele e minha Mãe lado a lado, eu na cabeceira oposta ao meu Pai e meu irmão de frente para minha Mãe.

Repentinamente um jato de pimenta amassada, atravessou a mesa e foi direto em meu olho.

Nada mais correto que “Pimenta no olho dos outros é refresco” e enquanto eles riam eu entrei no chuveiro para deixar a água cair no meu olho, que não parava de queimar.

Uma das poucas vezes que me lembro dele se abrir comigo foi quando disse que minha Mãe estava muito chata, pois ficava eternamente preocupada com nosso dinheiro. Nessa época Ele já havia se aposentado e, provavelmente em sua lógica, Ela tinha total razão.

De minha Mãe herdei o raciocínio lógico.

São tão poucos esses momentos, e esse eu me recordo de estar montado na minha bicicleta segurando o portão e ele debruçado no mesmo. O que um adolescente dos anos 50 saberia de relacionamentos?

No final da vida eu, com minhas viagens, ia pouco visitá-lo e quem cuidava Dele e de minha Mãe era uma senhora que chegou na nossa casa, com quinze anos, para cuidar de mim que tinha dois anos. Ela chamava-se Malvina e após a morte de minha Mãe foi o anjo que cuidou Dele até o fim.

Se não retribuí, no final da vida Dele, o que tinha feito por mim, como me obrigar a fazer o curso Técnico em Contabilidade; de me mostrar o anúncio de emprego da Cia. Vale do Rio Doce; de me acompanhando em todas as provas que ocorreram na PUC, no Rio de Janeiro eu estive presente em tudo que pude quando ele teve uma isquemia cerebral ficando com um lado(direito) todo paralisado.

Todos os dias saía do serviço e ia no apartamento onde meus Pais moravam para dar banho Nele.

Ele ia apoiado em mim, sentava num banquinho no box e eu lhe dava um banho enxugava e levava de volta para cama. Só conto isso para amenizar a falta de minha presença nos seus últimos anos de vida.

Finalmente, posso agradecer todos os passeios que ele me levou, desde criança

Eu entre minha mãe e Da. Petite, meu pai a esquerda e meu irmão a direita

Eu entre minha mãe e Da. Petite, meu pai à esquerda e meu irmão à direita

até, já adulto, casado com minha atual esposa.

Minha Mãe, Meu Pai e minha Esposa

Minha Mãe, Meu Pai e minha Esposa, no Hotel Garlip em Muri, Friburgo/RJ

Obrigado Pai!

Estúdio I + interativo – Minha Mãe, um tributo

Em 10 de maio de 2013 o programa Estúdio I + interativo(a apresentadora era a Leila Sterenberg) colocou o tema sobre as mães. Infelizmente, como de costume,  alegando falta de tempo, não passaram o vídeo que vai a baixo:

Das lembranças que tenho de minha mãe, a maioria foi de uma educadora que não permitia sair dos trilhos. Como meu irmão(oito anos mais velho) foi sempre estudioso eu saí exatamente o inverso bagunceiro e como falo no vídeo talvez para não perder o pulso ela nunca, exceto nos dois últimos anos de vida, permitiu uma liberdade maior entre nós dois.

Tia Jaia e minha Mãe(sentada)

Tia Jaia e minha Mãe(sentada)

Pelas estórias contadas ela, cuja família morava em Macaé/RJ, estudava em um colégio só para meninas, no que seria o primário ou primeiro grau, já não sei mais. Acontece que no meio de seus estudos o colégio passou admitir estudantes do sexo masculino(meninos) e mesmo que cada sexo estudasse em uma sala separada meu avô não teve dúvidas em tirá-la da escola.

Porém muita água passou e não sei de tudo até o encontro dela com meu pai que havia sido transferido para o Banco do Brasil da cidade de Macaé/RJ.

Contam que nomeado para a cidade de Barretos, meu pai vivia uma vida meio boêmia lá. Como funcionário do Banco do Brasil, à época, tinha um grande prestigio com as “moçoilas” da cidade, mas parece que também era chegado em visitar uns cabarés.

Minha avô Auta, mãe de meu pai, foi quem sabedora da vida que ele levava, providenciou junto a quem de direito no Banco do Brasil sua transferência para uma cidade mais calma. Assim surge meu pai na vida da minha mãe.

Sabedora da importância de um funcionário do Banco do Brasil e decidida a ser a mulher por trás do crescimento dele na carreira, ela iniciou um trabalho de auto aprendizado que durou a vida toda, com sucesso.

Eu só a conheci em um dia de primavera, na Casa de Saúde São Sebastião, na Rua Bento Lisboa, no Rio de janeiro. Já no nascimento dava sinais de que queria “levar a vida na flauta”, como se dizia, ou seja um malandro de carteirinha pois nasci após o almoço e um cochilo, às 16:20 h.

Minha mãe, apesar de seu pouco estudo lia tudo que podia para acompanhar meu pai onde fosse necessário. Sabia de tudo em termos de etiqueta e até lia revistas argentinas, para acompanhar a moda.

Espiritualista convicta, kardecista de carteirinha tinha uma enorme biblioteca de livros espíritas no escritório de meu pai. No início, me lembro, ela me levava ao Centro Espírita, de mesa, que fazia suas reuniões na própria rua Pereira Nunes, depois que a dona da casa faleceu o grupo se mudou para outros locais sendo o último que me lembro era em frente a Praça do Rink, no Centro de Niterói/RJ.

Nossas relações eram difíceis pois enquanto meu irmão estudava e  entrava para a escola de cadetes da aeronáutica eu só queria saber de praia(nessa época já havíamos mudado para a rua Otávio Carneiro, Icaraí, Niterói/RJ). Acho que ela nunca descobriu como eu conseguia sair de casa se estava de castigo e para sair tinha que passar por ela.

Acontece que a porta da frente, que tinha quatro folhas, a do meio fechava manualmente girando uma argola que fazia dois pedaços de ferro trancarem em cima e em baixo Eu descobri que conseguia fazer ela fechar, arrastando com a maçaneta quase toda virada e quando chegava no buraco de encaixe ela terminava de fechar completamente.

Repentinamente eu aparecia todo molhado e sujo de areia na frente dela que atônita não sabia o que fazer comigo e isso durou quase toda a minha infância.

Durante sua vida acompanhou meu pai e a nós em várias viagens internacionais

Navio Anna C

Navio Anna C

uma delas a Argentina e ao Uruguai a bordo do navio Anna C. Das poucas coisas que lembro era que na hora das refeições, e não eram poucas, passavam uns tripulantes pelo navio batendo num gongo anunciando que estava na hora de se dirigir aos restaurantes.

Mas a coisa mais bizarrra que nos aconteceu foi uma encomenda que meu Tio, irmão de minha mãe fez de uns pullovers da Argentina para ele e a família. O navio fazia escala em Santos e eles foram nos encontrar lá, já que moravam em São Paulo, e apesar do sol forte que fazia, para driblar a alfandega nós todos colocamos os pullovers e descemos para encontrá-los e lá trocamos, enquanto tirávamos eles vestiam a encomenda, saindo todos muito suados.

Outra viagem, que deixarei para contar em novo post foi a Portugal e Espanha. Só posso adiantar, que era a época do ditador Salazar e ele designou um conde português e sua família para nos fazer companhia e minha mãe se saiu muito bem.